Pesquisadores confirmaram que um fungo recentemente identificado é o causador da síndrome do nariz branco, doença fatal que vêm se alastrando em meio às colônias de morcegos do oeste da América do Norte.
O Geomyces destructans infecta a pele do morcego em estado de hibernação, causando lesões nas asas e a formação de uma substância branca no focinho. Ao atacar uma colônia que hiberna, a doença pode levar à morte mais de 90 por cento dos morcegos. A doença foi documentada pela primeira vez em uma caverna de Nova York, em fevereiro de 2006, propagando-se para 16 estados americanos e quatro províncias canadenses.
A responsabilidade pelo rápido surto foi questionada quando o fungo foi identificado em morcegos saudáveis da Europa, onde não são observados índices de mortalidade preocupantes associados ao fungo como na América do Norte. Alguns analistas sugeriram que o G. destructans não seria a causa principal da mortandade catastrófica e que deveria existir outro agente responsável, como um vírus ainda não descoberto. Contudo, o estudo publicado na revista Nature na semana passada revelou que ele é realmente o responsável.
"Apenas o fungo é suficiente para reproduzir todo o diagnóstico patológico da doença", afirma David Blehert, microbiólogo do Centro Nacional de Saúde da Fauna Silvestre, que fica em Madison, em Wisconsin e autor sênior do relatório.
Transmissão entre morcegos
Blehert e seus colegas reuniram morcegos-castanhos-pequenos ("Myotis lucifugus") saudáveis de Wisconsin, cujo número é bem maior do que a extensão conhecida da doença. Os morcegos foram infectados por meio da administração direta de esporos do G. destructans na pele ou pelo contato com morcegos infectados de Nova York. Ao final do experimento de 102 dias, o fungo branco revelador se desenvolvia no focinho e nas asas de todos os morcegos de Wisconsin infectados diretamente e em 16 dos 18 que foram expostos aos morcegos doentes.
Trata-se da primeira prova experimental de que a síndrome do nariz branco pode ser transmitida de um morcego a outro, afirma Emma Teeling, bióloga especialista em morcegos da Universidade de Dublin, na Irlanda. Isso é bastante preocupante do ponto de vista da conservação, uma vez que os morcegos aconchegam-se em grandes números dentro das cavernas e se aglomeram na hora de acasalar, afirma a bióloga. "O morcego que possuir o fungo irá espalhá-lo rapidamente para toda a população", afirma Teeling, que não esteve envolvida no estudo. "A situação pode se agravar de modo drástico."
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